terça-feira, 27 de abril de 2010

Microfones - Noções e Aplicações parte 2


Microfones - Noções e Aplicações

2. Princípios básicos de uso


Nesta seção apresentaremos conceitos fundamentais importantes para o uso de microfones em algumas situações mais comuns.


2.1. Interferência de múltiplos microfones

A maioria das pessoas tem uma tendência a usar muitos microfones. A regra simples, em termos de desempenho, é a de que “menos geralmente é mais”. Quando se tem muitos microfones abertos não só causam coloração no som, devido a picos e cortes na resposta, como também podem fazer o sistema ficar mais suscetível a realimentação (microfonia). Vejamos exemplos de alguns problemas comuns.

2.1.1. A regra de “3:1”

A Figura 11A mostra a maneira correta de se captar duas pessoas muito próximas, cada uma com um microfone. Se a distância entre os microfones é de pelo menos três vezes a distância de cada microfone para a respectiva pessoa, então o nível sonoro de uma pessoa que atinge o microfone da outra será cerca de 10 dB mais baixo do que o nível sonoro da própria pessoa em seu microfone, o que é baixo o suficiente para não ser um problema. Se, no entanto, a fonte sonora 1 é mais forte do que a fonte 2, como mostrado na Fig.11B, então a fonte mais fraca deverá se aproximar mais do seu microfone, conforme o necessário.


FIGURA 11

Figura 11


2.1.2. Múltiplos microfones

No caso de haver dois ou mais microfones num púlpito, cada um numa direção diferente, então o posicionamento não requer muita preocupação, exceto assegurar-se de que o caminho da voz para cada microfone esteja livre, sem obstrução por outro microfone. Esta situação é comum em audiências coletivas.

Entretanto, se dois microfones são combinados para manter o palestrante “captado”, então deve-se ter um cuidado extra. A Fig.12A mostra como geralmente isso é feito por pessoas inexperientes, com os dois microfones posicionados afastados, angulados de forma a cobrir todas as posições possíveis do palestrante. Essa forma está errada, e a forma correta é mostrada na Fig.12B, onde ambos os microfones são colocados um acima do outro, e virados de forma que o ângulo de cobertura comum deles seja amplo o suficiente para captar o palestrante em qualquer posição.

FIGURA 12

Figura 12


Qual a diferença? Na configuração mostrada na Fig.12A, só existe uma posição correta para o palestrante, que é no ponto eqüidistante dos microfones. À medida que ele se move dessa posição, os atrasos relativos do sinal da voz do palestrante até os microfones vão ser diferentes, e a combinação resultante apresentará efeitos de interferência, com cancelamentos e ênfases. Na verdade, se você nunca ouviu esse tipo de efeito, é aconselhável que você monte um esquema similar e experimente, para perceber como esta combinação é ruim. Em seguida, monte o esquema da Fig.12B e perceba como ele é mais consistente em qualidade para qualquer posição do palestrante.

2.1.3. Reflexões de superfícies próximas e efeitos de bordas

A Fig.13A mostra problemas comuns em sonorizações e gravações. A superfície reflexiva pode ser uma mesa, um púlpito, uma parede, ou mesmo o chão. No caso mostrado aqui, existem efetivamente dois sinais sonoros atingindo o microfone, um direto e outro refletido. Eles se combinam no microfone com um atraso entre eles, produzindo uma resposta de freqüências irregular, como a do gráfico da Fig.13A. A regra então é manter o microfone o mais afastado possível do ponto de reflexão - ou então montá-lo ao nível da superfície, como sugere a Fig.13B, fazendo com que seja captado somente o som direto.

FIGURA 13

Figura 13


É bom lembrar que o efeito é pior em microfones omnidirecionais, uma vez que sua captação não possui rejeição fora de eixo. Os microfones cardióides podem minimizar esse efeito pela discriminação na captação, mas o melhor é evitar este tipo de condição.

Durante as últimas duas décadas, o problema das reflexões nas paredes e no chão tem estimulado o uso de um tipo de microfone conhecido como “boundary mic”, que possui um perfil em forma de flange e é feito para ser montado no nível da superfície. Nesta posição o microfone só pode captar o som direto e o som refletido que esteja efetivamente em fase com o som direto, o que faz com que o sinal de saída do microfone seja duas vezes maior (+6dB) do que o de um microfone comum colocado longe da parede. As primeiras versões dos microfones de superfície eram do tipo omnidirecional, mas atualmente há vários do tipo cardióide também. A AKG fabrica os dois tipos.


2.2. Vento e microfone não se combinam

Seja ao ar livre ou em ambientes fechados, é imperativo proteger o microfone do vento, sobretudo os microfones direcionais. Jamais sopre num microfone para saber se ele está funcionando! Além de ser desagradável para a audiência, isso também pode impregnar a tela do microfone. É impressionante a quantidade de pessoas que costumam falar em público e que não têm um conhecimento básico sobre o uso do microfone. A regra fundamental para se evitar os ruídos de sopro e “pop” é segurar o microfone de lado, apontando para a boca de quem está falando, mas não permitindo que este fale de frente para o microfone. Isso evitará os “pufs” do sopro, que são tão irritantes para o ouvinte. A solução então é posicionar o microfone num lugar onde o impacto do sopro não possa chegar.

FIGURA 14

Figura 14


Nos casos em que o microfone é seguro na mão, a pessoa que o segura precisa saber que a melhor posição é deixar o microfone mais para o lado do rosto, apontando para a boca. Nesses casos, seria útil usar uma espuma sobre a tela do microfone. A Fig.14 mostra como posicionar o microfone.



©2001 AKG, Harman International
Tradução: Miguel Ratton

Este artigo foi publicado no music-center.com.br em 2002


Copyright ©1996-2005 Miguel Ratton (www.music-center.com.br)

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